domingo, 22 de maio de 2011

Batismo: Celebrando a vida em Comunidade

Por Ivan Vieira


Nestas páginas falarei sobre a importância do Sacramento do Batismo, porta pela qual entramos na Vida Cristã. Pela graça do Batismo somos remidos de todos os pecados, somos incorporados ao Corpo Místico de Cristo e somos chamados a viver em santidade. O ato em si nos torna participantes do Seu Reino, nos torna sacerdotes porque participamos do sacerdócio de Cristo e nos torna profetas para anunciar a libertação aos cativos e necessitados do amor de Deus.

Sumário

1) Introdução
2) Desenvolvimento
2.1 O Sacramento do Batismo
2.2 O Batismo de Cristo
2.3 O Batismo na Igreja
2.4 O Batismo de Adultos e Crianças
2.5 A Graça do Batismo
2.6 A Simbologia Batismal
2.7 Batismo: Celebrando a Vida em Comunidade
3) Conclusão
4) Bibliografia

Introdução

O Batismo faz de nós filhos de Deus e, por consequência disso, pertencemos à mesma família de irmãos. Levando em consideração que este Sacramento nos dá identidade, através dele somos enxertados no grande Corpo Místico e somos convidados a viver em comunidade. Somos intimados a sermos diferentes em um mundo onde a secularização massificou a todos.


Aquele que foi batizado é convidado a colocar em prática o Mandamento Novo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Seremos reconhecidos quando esse Mandamento Novo for vivenciado por cada batizado. Reconhecerão que somos discípulos de Cristo quando ouvirmos a voz dos mais necessitados e o nosso egoísmo for menor do que o grito daqueles que gemem de fome e de dor.


O nosso Batismo não só nos dá a certeza de sermos filhos de Deus, mas desperta em nós a consciência de que assumir a identidade cristã traz consigo o compromisso de colaborar com a construção do Reino de Deus.


Fazemos parte de um Corpo e estamos em comunhão com muitos irmãos que a cada dia ouvem os apelos de Deus e são impelidos, como nós, a também dar a sua resposta única e pessoal.


Brevemente, nestas poucas páginas, convido os caríssimos irmãos de caminhada a uma reflexão sobre o Santo Batismo desde Jesus Cristo, batismo esse administrado pelo precursor João Batista; assim como o de outrora realizado nas comunidades primitivas onde os catecúmenos eram preparados para receber este sacramento que era o “green card” da inserção dos eleitos de Deus em Jesus Salvador.


O batismo de adultos e crianças também será tratado nestas páginas. Como disse acima, as pessoas que eram evangelizadas e sentiam o forte apelo a integrar-se na comunidade cristã eram batizadas, o que era uma situação normal na Igreja. No século II, a prática de batizar crianças vai se tornar uma tradição.


Em a Graça do Batismo veremos que o ato em si não só purifica de todos os pecados, mas também faz de cada batizando uma criatura nova.


O rito batismal é riquíssimo em símbolos, por isso a Liturgia deve ser bem preparada porque é o momento da comunidade juntamente com a família que celebra este momento acolher a criança ou o adulto que participa da festa dos que aderiram ao seguimento de Cristo Jesus.


2.1) O Sacramento do Batismo.

Não podemos conceber a vida cristã sem o sacramento do batismo, através deste somos remidos de todo pecado e regenerados como filhos de Deus e feitos participantes de sua missão.


Há duas maneiras de compreendermos o Batismo, ambos encontram-se no Novo testamento: o batismo descrito como renascimento Jo 3, e o batismo como participação na morte de Cristo, segundo a interpretação que dá Paulo em Romanos 6 (ou Colossenses 2, 12ss). Segundo ele pelo Batismo, o crente comunga na morte de Cristo, é sepultado e ressuscita com Ele.


No primeiro exemplo, a fonte batismal é vista como o seio materno e no segundo como um sepulcro. O Batismo então pode ser visto, ao mesmo tempo, como nascimento e como morte, porque através deste sacramento nós entramos no mistério de Cristo. É o nosso primeiro casamento místico com Deus.


Quando batizados nós somos incorporados à Igreja, porque através do Batismo, nos tornamos membros de Cristo e membro de seu corpo.


Existe um só Batismo, graças ao qual somos incorporados ao mistério profundo invisível do corpo de Cristo, à Igreja una, santa, católica e apostólica. Mas como essa Igreja vive na história em um estado de divisão, com o batismo entro em uma igreja católica romana, ortodoxa, anglicana etc.


O batismo é uma passagem, uma mudança ontológica de situação. Por meio dele, a criança, o adulto e as famílias são admitidos na Igreja, tornam-se herdeiras e plenamente filhas de Deus.


“O Batismo é o mais belo e mais magnífico dom de Deus. Chamamo-lo de dom, graça, unção, iluminação, veste de incorruptibilidade, banho de regeneração, selo e tudo o que existe de mais precioso. Dom, porque é conferido àqueles que nada trazem; Graça, porque é dada até aos culpados; Batismo, porque o pecado é sepultado na água; Unção, porque é sagrado e régio; Iluminação, porque é luz resplandecente; Veste, porque cobre nossa vergonha; Banho, porque lava; Selo, porque nos guarda, e é o sinal do senhorio de Jesus”. (Catecismo da Igreja Católica, pag. 341 – Edições Loyola).


O Senhor mesmo afirmou que o batismo é necessário para a salvação (Jo 3,5). Também ordenou aos seus discípulos que anunciassem o Evangelho e batizassem todas as nações (MT 18, 19-20). Através dele somos purificados de todo pecado e faz do neófito, ou seja, daquele que foi batizado, uma criatura nova (2 Cor. 5,17), um filho adotivo de Deus (Gl 4, 5-7), que se tornou participante da natureza divina (2Pd 1,4), membro de Cristo (1 Cor. 6,15;12,27) e co-herdeiros com Ele (Rm 8,17), templo do Espírito Santo (1Cor. 6,19).


Somos batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A Santíssima Trindade dá ao batizado a graça santificante, a graça da justificação a qual torna-o capaz de crer em Deus, de esperar nele e de amá-lo por meio das virtudes teologais; concede-lhe o poder de viver e agir sob a moção do Espírito Santo por seus dons; permite-lhe crescer no bem pelas virtudes morais. Desta forma todo organismo da vida sobrenatural do cristão tem sua raiz no Santo Batismo.


Com o Batismo somo incluídos plenamente na comunidade do povo de Deus – Corpo de Cristo, comunidade do Espírito Santo, da Nova Aliança, da Nova Criação e nos identificamos com o que faz a Igreja ser Igreja: portadora da Boa-Nova aos necessitados.


Paulo em 1 Cor. 12,13 refere-se a essa identidade comum de todos os cristãos dizendo: “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito”.

2.2) O Batismo de Cristo.

Todas as promessas da antiga aliança encontram sua realização em Cristo Jesus. Cristo inicia sua vida pública depois de ter sido batizado por João batista no Jordão. Embora não tivesse pecado (Jo 8,46), Jesus quis submeter-se ao Batismo de João, no qual reconhece um acontecimento que corresponde à vontade de Deus (Lc 7,29-30), constituindo a preparação final para a era messiânica (Mt 3,6), e satisfazer assim a justiça salvífica de Deus que preside o desígnio da Salvação.


Indo além do ato do Batismo, Mateus pensa certamente na nova “Justiça” pela qual Jesus havia de cumprir e completar a lei antiga. O espírito que pairava sobre as águas da primeira criação (Gn 1,2) aparece aqui no prelúdio da nova criação. Por um lado ele unge Jesus para sua missão messiânica (At 10,38), que de agora em diante há de dirigir (Mt 4; Lc 4, 14-18), por outro lado, como entenderam os Pais da Igreja, santifica a água e prepara o batismo cristão (At 1,5).


Confirma Jesus como o verdadeiro servo anunciado por Isaías. Entretanto o termo “Filho”, que acaba por substituir o termo “Servo” salienta o caráter messiânico e propriamente filial de sua relação com o Pai.


Marcos relata o Batismo de Jesus também confirmando em Jesus todas as promessas messiânicas: “Logo que Jesus saiu das águas viu o céu se rasgando, e o Espírito como pomba, desceu sobre Ele” (1,10).


O evangelista enfatiza que ao rasgar o céu, na pessoa de Jesus, a separação que havia entre Deus e os homens se rompeu. E a voz que ecoa do céu: “Tu és o meu Filho muito amado, em ti encontro o meu agrado”, vem confirmar as promessas de Deus ao povo de Israel e revelar a identidade do homem de Nazaré: Ele é o Filho de Deus, o Messias-Rei (Sl 2,7) que vai estabelecer o Reino de Deus através do serviço, como o Servo de Javé (Is 42, 1-2).


Para Lucas o batismo de Jesus acontece num contexto em que João batiza o povo, e Cristo Jesus está inserido neste ambiente e acontecimento (3,21-22). Já no batismo, Lucas declara o caráter messiânico de Jesus, Ele está no meio do povo. Jesus após o batismo se põe a rezar, então o céu se abre.


É magnífico como os evangelistas usam desse recurso belíssimo para mostrar a grandeza e a magnitude do Mestre Jesus. O céu se abre, o céu se rasga. Todos, naquele momento, puderam ver e testemunhar a Beleza revelar-se através do Espírito em forma de pomba. E a confirmação que sai mais uma vez da boca de Deus: “Tu és o meu Filho amado! Em ti encontro o meu agrado”.

2.3) O Batismo na Igreja.

A partir de Pentecostes, acontece uma revolução na Igreja, os apóstolos cheios de coragem, vivificados pela força do Espírito santo, impulsionam a comunidade a sair, proclamando a Boa Nova de Jesus, celebrando e administrando o Santo Batismo aos neo-convertidos ao cristianismo.


Pedro declara a multidão impressionada com sua pregação: “arrependei-vos, e cada um de vós, seja batizado em nome de Jesus Cristo para a remissão de vossos pecados. Então recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2,38).


Os apóstolos pregam um batismo de conversão e é administrado a todo aquele que crer em Jesus: judeus, tementes a Deus, pagãos (1Jo 5, 6-8).


O batismo está sempre ligado a fé: “crê no Senhor e serás salvo, tu e tua casa”, declara Paulo ao carcereiro de Filipos. O relato prossegue: “E imediatamente o carcereiro recebeu o Batismo, ele e todos os seus (At 16, 31-33).


Com o Batismo, a pessoa que é batizada é feita membro de Cristo e de seu corpo. Existe um só batismo, graças a este somos incorporados ao mistério profundo invisível do corpo de Cristo.


“Depois de Pentecostes, Cristo é inseparável de seu corpo eclesial, cuja salvação não é nem individual, nem coletiva, mas em comunhão” (Campatelli, Maria.O Batismo: cada dia às fontes da Vida). O Batismo nos introduz a Cristo e aos irmãos nessa comunhão inseparável a que chamamos koinonia.


A ânsia por uma vida plena, pela libertação, certamente move muitas pessoas até hoje. Para os antigos cristãos, o encontro com Cristo era tão fascinante que eles assumiam até os perigos da perseguição para estar em comunhão.


A carta de Pedro transpõe a mensagem de Jesus à situação espiritual do mundo helenístico, nela ele deixa claras as razões da atração exercida por Jesus, no fato de ele fornecer tudo que é bom para a vida do cristão: “ Por ele nos foram concedidos os bens do mais alto valor que nos tinham sido prometidos, para que graças a eles, entrássemos em comunhão com a natureza divina, tendo-vos arrancado à corrupção que a concupiscência alimenta no mundo” ( 2Pd 1,4).

2.4) Batismo de Adultos e Crianças.

Nas comunidades primitivas, o catecumenato era uma realidade onde as pessoas eram preparadas, instruídas na fé e em união com uma comunidade eclesial que levava o catecúmeno à conversão, à fé e à maturidade.


À medida que cresceu o número dos adultos que queriam tornar-se cristãos, nasceu a exigência de uma preparação mais sólida para receber o batismo.


A figura dos padrinhos, membros fiéis à comunidade, surgiram para garantir e acompanhar os neo-convertidos na nova estrada na qual se preparava para caminhar.


Na Igreja dos primeiros séculos, antecedendo o ritual do Batismo, havia uma preparação de muitos anos em que os batizandos eram introduzidos no mistério da vida cristã. A partir desse momento, eles rompiam com seu passado e se tornavam novas criaturas comprometidas em testemunhar Jesus Ressuscitado.


A partir do sec. II, a prática de batizar crianças tornou-se tradição na Igreja. Mas acredita-se que desde o início da pregação apostólica, quando “casas inteiras” recebiam o batismo também se tenham batizado as crianças.


Devemos reconhecer que a criança não tem apenas uma vida terrena, mas também divina, que a morte não tem mais poder sobre ela, porque ela já participa da ressurreição de Jesus.


“No Batismo, o próprio Jesus toca a criança, instala nela a sua vida divina e o seu amor incondicional, transmite-lhe a proteção de Deus e mostra-lhe toda a sua beleza” (Anselm Grün, Batismo – Celebração da vida).


A gratuidade pura da salvação é particularmente manifesta no batismo das crianças. A Igreja e os pais estariam privando as crianças da graça inestimável de tornar-se filhos de Deus se não lhes conferissem o Batismo depois do nascimento.

2.5 ) A Graça do Batismo.

Pelo Batismo, somos libertos de todos os nossos pecados: o pecado de nossos antepassados (original) e todos os pecados pessoais, bem como todas as penas do pecado. Desta forma todos que receberam a graça do batismo, que foram incorporados à Igreja em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, foram regenerados. Não há mais sobre eles nada que os impeça de entrar no Reino de Deus.


O Batismo não só nos purifica de todos os pecados, mas também faz de todos os batizados “uma criatura nova” (2Cor 5:17), um filho adotivo de Deus (Gl 4:5-7); que se tornou participante da natureza divina (2Pd 1:4), membro de Cristo (1Cor 6:15; 12:27), pois uma vez batizados, somos incorporados à Igreja.


Da fonte batismal é que nasce o único povo de Deus da nova aliança. Como nos diz São Paulo em Cor. 12,13: “Fomos todos batizados num só Espírito para sermos um só povo.” Somos ainda co-herdeiros com ele (Rm 8:17), e templo do Espírito Santo (1Cor 6,19).


O Deus Triuno dá ao batizado a graça santificante, a graça da justificação a qual:


- Torna-o capaz de crer em Deus, de esperar nele e de amá-lo por meio de Virtudes Teologais;


- Concede-lhe o poder de viver e agir sob a moção do Espírito Santo por seus dons;


- Permite-lhe crescer no bem pelas virtudes morais.


Pelo Batismo recebemos ainda a graça de participarmos do sacerdócio de Cristo, de sua missão profética e régia. “Sois a raça eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo de sua particular propriedade, a fim de que proclameis as excelências daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa” (1Pd 2,9).


O Batismo imprime na alma um sinal indelével, o caráter, que consagra o batizado ao culto da religião cristã. O selo batismal capacita e compromete os cristãos a servirem a Deus em uma participação viva na sagrada liturgia da Igreja e a exercerem seu sacerdócio batismal pelo testemunho de uma vida santa e de uma caridade eficaz.

2.6 ) Simbologia Batismal.

Na Celebração do Batismo, alguns símbolos são utilizados para expressar o momento batismal. Os Símbolos são a linguagem do mistério. Os Símbolos na Liturgia contém, ocultam e, ao mesmo tempo, revelam e comunicam o mistério.


Na Liturgia, todos os sinais são sinais simbólicos, e serão sinais litúrgicos na medida em que forem capazes de ocultar, conter, revelar e comunicar os mistérios de Cristo.

1) A Água:


É a imagem central do batismo e, ao mesmo tempo, é o símbolo mais importante porque ela é origem de toda vida, sem ela nada floresce tudo fenece. Ela é uma imagem de fecundidade espiritual. Simboliza a pureza.


Quando se derrama água sobre a cabeça do batizando, esse derramamento simboliza o derramar e o lavar do Espírito Santo e o ser revestido de Cristo. Das águas do Batismo santificadas pelo Espírito Santo emerge uma nova criatura. Muda-se vida-morte para o mundo, em vida em Jesus.


A Igreja, pelas águas do Batismo, dá a luz novos filhos. (Jo 3: 1-13).


A água é apenas um símbolo, ela não tem a força e nem o poder de purificar o pecado. É o Espírito Santo que nela atua em todos os acontecimentos e no momento do Batismo. Ele com a força e o poder divino destrói todo o mal que existe e proporciona a alegria de uma nova vida.

2) O Sinal da Cruz:

Logo após o diálogo introdutório em que os pais pedem o Batismo para a criança, o sacerdote convida-lhes a traçarem o Sinal da Cruz na fronte da criança.


Este momento representa o primeiro encontro da criança com a fé em Jesus Cristo na salvação pela morte redentora do Senhor na cruz. Fazer o Sinal da cruz é lembrar o mistério da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Faz-nos lembrar ainda que o Filho do Homem morreu na cruz para nos reconciliar com o Pai.


Quando o sacerdote convida os pais a traçarem o Sinal da Cruz na fronte da criança, ele quer dizer a salvação vem àquela criança através da fé dos pais.

3) O Óleo Santo:

O óleo perfumado, consagrado pelo bispo, significa o dom do Espírito Santo ao novo batizado. Este se tornou um cristão, isto é, ungido do Espírito Santo incorporado a Cristo que é ungido sacerdote, profeta e rei.


O rito de Unção no Batismo é feito após a infusão da água. É a Unção com óleo chamado do crisma. O sacerdote unge a testa da criança dizendo: “N”, no Batismo estás selado (a) pelo Espírito Santo com o sinal da cruz (+). És de Cristo para sempre. Amém.


No Antigo testamento era comum ungir sacerdotes, reis e profetas. O próprio Cristo foi ungido pelo Espírito Santo de um modo muito especial. Esta unção significa para nós que pelo Batismo nos tornamos participantes do poder messiânico de Jesus. E ainda como afirma Pedro na sua primeira epístola (1 Pedro 2, 9-10 ), nos tornamos raça eleita com Cristo, reis (rainhas), sacerdotes e profetas.


Profetas, porque participamos da salvação em Cristo, e comprometidos a anunciar a humanidade o mesmo Cristo por palavras e testemunho de vida. Mostrar a face de Deus que, como nos diz João Evangelista: “Deus é amor” e isso através do verdadeiro amor pessoal.


Tornamo-nos sacerdotes. Não possuímos o sacerdócio ministerial com o poder de fazer a consagração na Ceia Eucarística. Mas nos tornamos participantes do sacerdócio de Jesus, pois participamos do novo povo de Deus na Nova Aliança. Fazemos parte de um povo sacerdotal capaz de oferecer sacrifícios com Cristo. Isto porque, recebemos nossa vida como precioso dom de Deus e assim, devemos oferecê-la em retribuição, em ação de graças ao criador. Todo cristão pode e deve, em sua vida, orientar todas as coisas para Deus.


Por fim, pelo Batismo nos tornamos reis, possuidores do Reino de Deus. Com Jesus vencemos a morte e o pecado e podemos participar da própria vida de Deus.

4) A Vela Acesa:

Significa que Cristo iluminou o neófito. Em Cristo os batizados são a “luz do mundo” (Mt 5:14). Este gesto é muito significativo. Na cerimônia do Batizado, o sacerdote acende uma vela e a entrega aos pais e padrinhos dizendo: “Entrego-te esta Luz”. Em seguida toda a assembléia responde: “Como testemunho de que passaste das trevas para a luz. Agora deves brilhar como a luz no mundo, para a glória de Deus Pai”.


Pelo Batismo somo iluminados, participamos da Luz que é Cristo. Não mais andamos nas trevas, pois somos filhos de Deus. A vela acesa pode significar também a nossa fé. Ela mantendo-se acesa mostra que não caminhamos nas trevas do inimigo.


Os pais se tornam responsáveis para que a criança se torne luz para os outros em sua vida. Recomenda-se aos pais que, anualmente, no transcurso da data do batismo, a mesma vela seja acesa, repetindo-se o gesto até que a criança venha a ser confirmada. ( Livro de Oração Comum – rubricas ).

2.7) Batismo: Celebrando a vida em comunidade.

Celebrar é festejar, é alegrar-se com as coisas boas que recebemos. É deixar-nos saborear as delícias de uma vida de realizações. É fazer com que a vida seja bem vivida e celebrada com a família e com os amigos.


O Batismo nos torna partícipes do Corpo Místico de Cristo. Faz a todos nós irmãos e nos torna membros da comunidade paroquial.


O ato de levar uma criança para ser batizada faz renascer no ser humano o gesto de gratidão e de alegria, porque assim recorda-se o próprio batismo, já que os pais e padrinhos quando foram batizados, não tinham o discernimento necessário para entender a beleza por detrás da liturgia do Batismo e de toda a sua dimensão.


Os pais de um lado, felizes pela sua cria que vai receber o batismo, os padrinhos de outro, felizes por terem sido eleitos pessoas amigas e queridas a quem os pais confiam seus filhos.


É o momento em que todos estão sensibilizados com a cerimônia e o ato em si. Daí surge a oportunidade para assim como Cristo, evangelizar, levar uma mensagem de esperança e apresentar Jesus que pode restituir a todos a alegria de viver.


A comunidade em torno do altar assiste ao batismo e participa renovando, mais uma vez, as promessas do Batismo. A água que é símbolo de vida e purificação é jogada sobre a cabeça da criança. Basta uma gota d’água sobre a cabeça. Naquela gota se encontra todo amor dos pais. Naquela gota d’água contém vida, contém esperança. Onde há gota d’água pode haver um rio caudaloso, pode haver peixes, plânctons, pode haver uma imensidão.


Por isso a liturgia do Batismo deve ser bem preparada, e de preferência que aconteça durante a Celebração Eucarística para ressaltar a importância do ato e o convite que é feito a todos para participar da mesa de comunhão.


É a mesa dos batizados, é a mesa dos irmãos que juntos ouvem a Palavra e repartem o pão imitando o gesto de Jesus com seu apóstolos. “O Batismo nos une a Cristo e uns aos outros. Na medida em que a Igreja se vê formada pela sua identidade batismal, teremos consequências para a celebração da Santa Eucaristia”. ( Relatório da Vª Consulta Internacional Anglicana de Liturgia – Dublin, Irlanda – 1995 ).


O Relatório de Dublin nos diz ainda que os Sacramentos são ações realizadas por toda a assembléia. Então quando estamos reunidos com todos os batizados, povo de Deus, celebramos juntos a Eucaristia, o Batismo etc.


Para que saia tudo de acordo, a equipe de liturgia deve entrar em ação, deixando tudo preparado. Pia batismal, os Santos Óleos, o Livro de Oração Comum, as alfaias etc. A equipe deve estar em sintonia com tudo que está para acontecer, auxiliando o sacerdote nas suas necessidades.


Em algumas paróquias, costumam-se batizar sem o devido preparo. O preparo é necessário para orientar os pais e padrinhos sobre a importância do Batismo e no caso de o catecúmeno ser adulto também. Esse era o procedimento nas comunidades primitivas, e olha que havia todo um ritual. Havia etapas a serem vencidas para que o indivíduo fosse aceito e batizado na comunidade.


As pessoas desde os primórdios se reúnem para celebrar tantas coisas: a festa do sol, a festa da primavera, a festa das tendas, o campeonato brasileiro, a Copa do mundo etc. Por que não fazer deste momento uma grande festa? Por que não despertar na comunidade a necessidade de batizados na Paróquia?


O Batismo, creio eu, é o termômetro para sabermos se a comunidade está crescendo. Se não ocorrem batizados frequentemente, quer dizer que as nossas comunidades estão velhas, paradas no tempo, não estão se renovando e estão caminhando para o caos. Paróquias com muita gente idosa onde não há a participação de jovens e a escola dominical nem existe.


Deveríamos dar mais ênfase ao Sacramento do Batismo em nossas paróquias, fazer o povo de Deus entender que este sacramento é de suma importância para a vida da Igreja.


Em seu livro “Batismo, Celebração da Vida”, Anselm Grün diz: “para os antigos cristãos, o encontro com Jesus era tão fascinante que eles até assumiam os perigos da perseguição só para sentir essa nova qualidade de vida que ele lhes oferecia”.


O que fazer para que o povo possa sentir como os antigos esse fascínio por Jesus? O que podemos fazer para suscitar no povo o mesmo anseio que levava os convertidos ao encontro radical com Jesus a ponto de arriscarem a própria vida por conta do compromisso com o Evangelho?


Nossos sermões ou homilias estão sendo um meio para levarmos o povo ao compromisso? Ou apenas contamos historinhas para rechearmos a nossa pregação sem mexermos com o agir das pessoas e por consequência com o seu compromisso comunitário?


Comunidade comprometida é comunidade que vive o batismo. Precisamos de pessoas engajadas nos movimentos sociais, nas juntas paroquiais, nas escolas dominicais, nas pastorais da comunidade agindo como fermento na massa, fazendo o batismo valer a pena.


Façamos, portanto, um compromisso com Cristo: vamos evangelizar, converter corações para o nosso Deus, despertar o povo para uma vida comunitária, batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e festejar celebrando a vida.

3) Conclusão

Uma reflexão sobre o tema Batismo e uma auto-avaliação faz-se necessário a todos nós, povo de Deus, que se encontra na caminhada rumo ao reino prometido.


O Batismo nos torna Filhos de Deus, juntos fazemos parte do Corpo Místico de Cristo e somos convidados a sermos outro Cristo para aqueles que necessitam do amor de Deus.


Este sacramento nos impele a rompermos com o egoísmo, nos faz mais comunitários, mais participantes das pastorais de nossa paróquia e mais irmãos, rompendo com o individualismo.


Assim como para os antigos o Batismo era um ato radical que os fazia romper com tudo para viver uma vida nova, em nós tambem ele deve nos mover em direção ao Cristo que é o nosso norte e por conseqüência disso aos nossos irmãos.


Devemos em nossas comunidades dedicarmos mais tempo ao anúncio do evangelho, talvez esteja faltando mais catequese e menos historinhas para enchermos os sermões.


Precisamos de mais momentos com o povo, de mais oração, mais espiritualidade, quiçá retiros.


Pensamos em obras sociais, enquanto isso não existe espiritualidade. Fazemos centenas de casamentos e não temos batizados.


Devemos repensar nossa pastoral e nossa vida ministerial.

4) Bibliografia

Campatelli, Maria. O Batismo: cada dia às fontes da vida nova. São Paulo: Edusc.2008
E. de Miranda, Evaristo. Água, sopro e luz. Alquimia do Batismo. São Paulo. Edições Loyola. 1998
Grüm, Anselm. Batismo: Celebração da vida.
Agostinho, Santo. A verdadeira Religião. São Paulo. Paulus. 1987
Catecismo da Igreja Católica. Vozes. Petrópolis. 1993
Takatsu, Dom Sumiu. Pastoral sobre Batismo e Comunhão.
Bíblia de Jerusalém. São Paulo. Edições Paulinas. 1985
Livro de Oração Comum (LOC). Metrópole Indústria Gráfica Ltda. Porto Alegre. 1999
Relatório da Vª Consulta Internacional Anglicana de Liturgia. Dublin, Irlanda. 1995

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